Não tenha medo de mudar de opinião ou visão. Esta tem sido a minha resposta para as situações em que me deparo com as minhas próprias convicções e com as convicções dos outros.
Manter uma convicção é igual a torcer para times de futebol: escolhe-se um time (ou os pais escolhem pela pobre criança) e começa a torcida por ele. E pronto. E então, a paixão futebolística passa a ser expressada através de rixas, choros, gritos, provocações etc. E o resultado desse processo é como loteria. Não se sabe no que vai dar. Há casos até que a pessoa acaba torcendo para dois times… e o interessante, é que nunca vi alguém mudar de time!
Assim, posso afirmar que convicções são sempre perigosas por poderem ser muito vazias, durar a vida toda e estarem a serviço do nosso ego. Mesmo porque, muitas vezes não passam de convicções em forma de ideias, a ponto de nem sequer conseguirmos colocá-las em prática ou agir em conformidade com elas. Sim, na maior parte das vezes, as convicções são palavras vazias, porque não são reforçadas por atos.
As convicções muitas vezes estão ligadas ao “politicamente correto” e não ao que verdadeiramente pensamos, sentimos e fazemos. O que estou querendo dizer é que temos que tomar cuidado com as convicções que escolhemos, pois elas muitas vezes podem nos machucar muito mais do que nos ajudar a viver plenamente a nossa vida. Muitas vezes, escolhemos convicções para que o mundo nos veja “bonitos na foto” ou porque queremos passar uma imagem tal, que nos convém naquele momento. Os supostos “debates políticos” na mídia e nas redes sociais são bons exemplos da pobreza das convicções.
As convicções alimentam as nossas máscaras. Esse é o perigo. E se não vierem de verdade, de dentro do nosso coração, elas caem junto com as nossas máscaras….ou melhor, despencam!
O perigo das convicções está em servir de alimento para a nossa personalidade, que nada mais é do que fruto dos nossos condicionamentos familiares, culturais, sociais etc.
Assim, penso que é melhor termos algumas certezas temporárias do que convicções absolutas. Desta forma, podemos propiciar mais chances de vivenciarmos novas possibilidades em nossas vidas, em nossas relações e em nossa experiência humana. Certamente, incomodamos quando nos assumimos assim. Mas, em contrapartida, conseguimos experimentar mais do que julgar ou criticar.
Através de convicções menos fortes, podemos assumir mais facilmente as diferentes fases de nossas vidas, reconhecer melhor os contextos de vida em que estamos inseridos, constatar os fatos e circunstâncias para melhor avaliarmos o que estamos pensando e sentindo e como estamos agindo para, assim, fazermos as melhores escolhas e tomarmos melhores decisões.
Então, meu recado é: tudo bem, tenha convicções ou certezas temporárias, atento ao que cabe em cada momento de sua vida. Mas liberte-se dos pré-julgamentos, dos padrões mentais, da necessidade de controlar tudo e todos. Desse jeito, nos damos a chance de sermos mais espontâneos. E, consequentemente, mais criativos.
As convicções nos iludem de estarmos controlando a nossa vida ou as pessoas ou as situações. Inclusive, essa falsa sensação da certeza absoluta nos leva a caminhos muito perigosos, recheados de auto-sabotagens.
Navegue nas incertezas do oceano da vida e se deixe levar, guiado por suas convicções temporárias, pois elas lhe ajudarão a não brigar com a correnteza…e ainda lhe farão perceber quais são as batalhas que vale a pena assumir em sua vida.
Nossos valores são adquiridos com a vida e alguns se reforçarão enquanto outros naturalmente perderão sua força, simplesmente por não terem sido vividos. Entretanto, se mantermos convicções rígidas, elas nos aprisionam àquilo que já não nos serve. Aí está o grande perigo: perdemos tempo, energia e vida por estarmos presos a convicções que não cabem mais em nosso ser.
Então, aproveite o livre arbítrio que você tem para mudar de opinião e, assim, mudar de convicções. Mudança de convicções é um indicador forte de amadurecimento e avanço no processo de autoconhecimento e ampliação da consciência .
Estude e contextualize o seu momento. Volte-se para o seu interior e estude os seus sentimentos. E assim, aja de acordo com as suas certezas e escolhas para aquele momento. Com calma. Com auto-respeito. Não busque provar nada a ninguém a não ser a você mesmo. Assim, estará livre de um dos maiores perigos do mundo: ser manipulado.
Como dizia Goethe: “As frases que os homens estão acostumados a repetir incessantemente acabam se tornando convicções e ossificando os órgãos da inteligência.”
Sejamos genuinamente e criativamente inteligentes !