Fazemos parte do Universo. Só por este motivo, a espiritualidade é a base da nossa existência. Somos espíritos vivendo uma experiência humana e, muitas vezes, com a vida atribulada que levamos, nos esquecemos disso.
Para mim, espiritualidade é, majoritariamente, trabalho interior que envolve experiências, vivências e não teorias, dogmas, doutrinas e filosofias. Constatar e vivenciar todos os aspectos da nossa existência humana é exercer a nossa espiritualidade.
Com a enxurrada de estímulos e informações que recebemos diariamente, um dos nossos maiores desafios, que pode ser considerado um desafio espiritual, é aprendermos, através de vivências, a direcionar convenientemente nossas percepções, sensações e atenção para a coisa certa, no momento certo.
As sensações e percepções são atributos do espírito. Como afirma Francisco do Espírito Santo Neto, no livro As Dores da Alma, “quanto maior o estado de consciência do indivíduo, maior será sua capacidade de perceber a vida, que não se limita apenas aos fragmentos da realidade, mas, sim, à realidade plena”.
É entrando em contato com nós mesmos que podemos exercer a nossa espiritualidade, pois a partir desse contato, é que temos melhores condições de interagir com o mundo externo que nos rodeia: pessoas, situações e todos os acontecimentos, criados pelas nossas consciências individuais e coletivas. A partir desse contato com o nosso mundo interno é que podemos perceber, sentir as dimensões de realidade.
As emoções de medo e as dependências emocionais são grandes obstáculos para exercermos a nossa espiritualidade. Dependências emocionais como a de ser aprovado, admirado, reconhecido e amado são, na minha visão, as que mais atrapalham o exercício da nossa espiritualidade, porque sobrecarregam as energias dos nossos chakras cardíaco e do plexo solar, provocando um vazio constante, um descompasso em nosso coração.
Assim, viver a nossa espiritualidade requer o despertar dos nossos condicionamentos e certezas, descobrirmos quem somos e colocarmos as nossas vidas a serviço da LUZ.
Transcender as nossas emoções passageiras para reconhecermos o que verdadeiramente sentimos sobre nós mesmos e sobre o sentido da nossa vida. E então, com a nossa Luz sempre fortalecida, servimos ao mundo não como compensação para culpas e angústias e, sim, como seres interconectados por uma força maior.
Assim, temos que ter cuidado com as nossas “verdades” para praticarmos a espiritualidade, pois elas nos iludem, dando a sensação de “segurança”, uma falsa segurança que apenas nos aprisiona no nosso mental automático, impedindo-nos de pensar e agir verdadeiramente, com espontaneidade, porque nos leva a ir de acordo com o clima de temor que nos envolve todos os dias.
Nosso centro é o nosso espírito, a nossa alma, a nossa essência divina por meio da qual testemunhamos tudo o que ocorre dentro e fora de nós. Praticar a espiritualidade é dar espaço a essa essência, para que possamos acessar o tesouro de sabedoria que está à nossa disposição, em nosso inconsciente pessoal e no inconsciente coletivo.
A espiritualidade é a base para que todas as áreas da nossa vida fluam saudavelmente. É preciso aprender a parar de nos conectar com a consciência do outro e passarmos a nos conectar com a nossa própria consciência. Ficarmos atentos ao que está por trás das aparências. Ouvir o nosso ritmo interno através da nossa respiração e das batidas do nosso coração. Desenvolver a nossa intuição, inspiração e percepção da realidade. Valorizar o nosso mundo íntimo, tão ignorado na nossa cultura materialista.
Praticar a espiritualidade nos faz perceber mais facilmente os toques que o Universo nos dá, ou os recados de Deus, que chegam abundantemente em nossas vidas. Viver a nossa espiritualidade é aprender a reconhecer esses sinais e praticar o que eles nos inspiram, para o nosso bem e para o bem do todo !