Depois de 10 anos atuando como terapeuta, decidi escrever este post para expressar a minha visão sobre como vejo o vínculo que se cria entre terapeuta e cliente. Percebo que, atualmente, existem muitas terapias e técnicas, no entanto, nem sempre temos pessoas que se prepararam e se aprimoraram para trabalhar essas técnicas. Também existem muitas pessoas interessadas em terapias, no entanto, é comum aparecerem muitas dúvidas na hora de escolher os terapeutas e as terapias.
O que é ser terapeuta? A resposta para essa pergunta vai variar muito. No entanto, acredito que existe um fato na vida de todo o profissional de saúde: de alguma forma ele foi convocado a fazer um trabalho interior primeiro com ele mesmo para, então, atender as pessoas. Afirmo isso porque acredito que qualquer profissão é uma reparação, ou seja, de alguma forma nos curamos através do nosso trabalho profissional, que vai nos desafiar de várias formas e também vai fazer florescer os nossos talentos, inclusive os mais ocultos.
Para mim, ser terapeuta é interagir com conhecimentos e técnicas, com a experiência, com a própria sabedoria e espiritualidade e buscar aplicar tudo isso, na prática, da forma mais simples possível.
Penso que a desqualificação do terapeuta desestrutura a vida do terapeuta e a vida do cliente. Um terapeuta despreparado pode desestruturar tanto o seus chackras quanto os chakras do cliente. Ter boas intenções, um bom coração, não é suficiente para lidar com a energia e a história do outro. É preciso trabalho interior, treino, consciência e auto-responsabilidade pelo processo de se tornar e ser terapeuta.
Um dos principais desafios do terapeuta é estar preparado para aceitar o sofrimento do outro. Mesmo porque, cada um vive o seu processo, ninguém pode viver o processo de outra pessoa. Quando atendo o meu cliente, tenho sempre em mente que eu jamais poderei fazer por ele (a) o que ele(a) mesmo(a) tem que fazer. Percebo que muitos terapeutas confundem compaixão com ter que intervir na vida do cliente. Acredito que terapeutas emaranham mais com os clientes do que clientes emaranham com terapeutas. Portanto, é preciso cuidado para que o terapeuta não se envolva energeticamente com os seus clientes.
Pela minha experiência, percebo que nem sempre o que o cliente fala é importante, porque ele pode estar falando apenas das suas interpretações sobre os fatos de sua vida. Ou apenas encobrindo fatos que ele não tem coragem de expor. Por isso, penso que o grande papel do terapeuta é ajudar a pessoa a voltar-se para ela mesma e não para as interpretações que ela faz dos acontecimentos em sua vida.
Assim, lidar com as emoções (que vem do ego) e as informações (ou bioinformações) que estão no campo da pessoa é outro grande desafio do terapeuta. Quanto trato uma pessoa, estou tratando o campo dela que é composto de energia e informação. Eu tenho que trabalhar em vários aspectos da vida da pessoa, que envolve vários campos sistêmicos. Da mesma forma, o terapeuta tem que tomar muito cuidado com interpretações. A interpretação é uma questão delicada nos processos terapêuticos. O terapeuta tem que olhar sentindo, tomar muito cuidado para não cair nas armadilhas da mente, que seduz, engana, ilude. A interpretação e o excesso de compreensão tiram a força do cliente. Exemplo: quando um terapeuta explica demais pode bloquear o campo que está sendo tratado.
Todo terapeuta, uma vez que se dispõe a atender outras pessoas, precisa, antes de mais nada, conseguir, dentro do seu processo pessoal, limpar e curar tudo o que os clientes trazem, que, muitas vezes, é parecido com o que ele sente, pois isso é um chamado da vida para o terapeuta curar primeiro ele mesmo. Caso contrário, o seu campo de atendimento ficará limitado às suas questões pessoais, que provocarão também limitações no seu campo de atuação como terapeuta.
É muito importante o terapeuta avaliar, constantemente, quais são essas questões, qual a sua responsabilidade nos processos que acontecem na sua vida e limpar essas informações do seu campo. Também é fundamental o terapeuta se trabalhar a ponto de não se identificar, para que se torne apenas um instrumento de cura, sem acionamentos emocionais nele mesmo.
Outro cuidado que o terapeuta precisa tomar é o de não alimentar preocupações com o seu cliente, porque a preocupação é uma forma-pensamento que mais atrapalha do que ajuda. Quando surgem situações difíceis com o cliente, é muito importante estar atento(a) à compreensão e não ao sofrimento ou à preocupação. A transformação acontece na ação.
É fundamental que o terapeuta se desconecte energeticamente do seu cliente, caso contrário trará problemas tanto para ele (a) quanto para o cliente, como, por exemplo, a dependência. Com a experiência, o terapeuta vai desenvolvendo uma percepção do campo do seu cliente, e percebe se ele está mais ou menos pronto para acelerar o seu processo de autocura. O trabalho de um terapeuta tem que ser consciente. Inclusive para ele se desconectar do cliente.
Entendo que um terapeuta tem que ter força em seu campo (energético e informacional) para sentir-se merecedor e em condições energéticas de atender o seu cliente, como um facilitador. Caso contrário, haverá a identificação e isso é nocivo tanto para o terapeuta quanto para o cliente.
Por isso, outro aspecto fundamental na vida de um terapeuta é o quanto ele está conectado com a energia da prosperidade, qual é a sua compreensão de abundância, para que o seu campo pessoal possa atuar em níveis superiores. O terapeuta não atende só com a sua mente. Ele atende principalmente através da energia do campo. Assim, no processo de atendimento é necessário atenção e cuidado com as energias intrusas. Elas costumam se instalar quando a verdade que o campo do cliente traz é encarada de frente, trazendo o que ele precisa trabalhar prioritariamente. Energias de abuso de qualquer natureza, por exemplo, são portas de entrada para energias intrusas. Mergulhar na dor também dá espaço para energias intrusas. Portanto, o terapeuta sempre precisa preparar-se energeticamente para as consultas e tratamentos de seus clientes.
A questão financeira é outro aspecto relevante nos processos terapêuticos. Observo muitos terapeutas com dificuldades para lidar com a energia do dinheiro: desde cobrar de forma justa e profissional pelo seu trabalho até administrar as suas finanças. O terapeuta ajuda, facilita através do seu trabalho e é energeticamente recompensado com o dinheiro. Ser terapeuta é uma missão e ele ganha dinheiro por consequência.
A auto-responsabilização é outro aspecto relevante de um processo terapêutico. Tanto o terapeuta quanto o cliente têm responsabilidades a assumir. Alias, é mais fácil o terapeuta mexer no núcleo de problemas dos seus clientes do que nos seus próprios. Por isso, penso que um terapeuta de verdade é aquele que consegue trabalhar com resultados para si mesmo. Na medida em que eu me curo, eu ajudo a curar outras pessoas.
Nesse contexto estão as situações chamadas de “urgentes”. Muitos clientes acreditam que porque pagam um terapeuta, o mesmo vai servi-lo dentro de qualquer necessidade. Terapeuta não atende urgências. Quem atende urgências são pronto socorros, hospitais, médicos. E o terapeuta precisa estar consciente de que ajudar o cliente é diferente de submeter-se ao cliente.
O terapeuta é um canal de cura e não é só por meio de palavras que ele age terapeuticamente. As palavras servem para o esclarecimento. O trabalho do terapeuta é no campo. O terapeuta trata sistemas diversos que fazem parte da vida do cliente. É a maturidade que vai trazendo ao terapeuta uma habilidade cada vez maior de lidar com o seu próprio campo e com o campo do cliente. Quando estou no campo, estou em outro nível de consciência. E inclusive posso perceber quando é o ego e quando é a essência do meu cliente que se manifesta.
Aprender a acionar o inconsciente do cliente é a questão de ser terapeuta. O terapeuta tem que fazer uma estruturação de campo que vai abrir um portal, criar uma ressonância grande para que o campo do cliente possa ser conduzido a novas possibilidades. O terapeuta sempre tem que estar atento sobre qual ressonância ele está criando nos seus clientes. Se os clientes me procuram com questões parecidas com as minhas, é um sinal de que preciso mergulhar nessas questões e tratá-las. Uma mente poderosa não necessariamente é uma mente preparada. Há mentes poderosas que penetram as pessoas. Só ancorado é que o terapeuta pode ser benéfico. Ou seja, criar ressonância momentânea, se retirar, se reestruturar e honrar a pessoa e a sua história. O terapeuta tem que tomar muito cuidado para não alimentar o círculo vicioso de prender, aprisionar o cliente. Terapia não é dependência.
Na minha visão, o terapeuta tem que estar sempre em formação! Mudar a si próprio, elevar a consciência e discernir sobre o que é preciso focar numa terapia é um grande desafio para o terapeuta. Um terapeuta não pode se perder em sua caminhada em nome de atender os seus clientes. Ou seja, em primeiro lugar vem a caminhada do próprio terapeuta para, então, ele (a) ter condições de cuidar de outras pessoas. O terapeuta tem que olhar para os seus próprios processos dolorosos, ter uma disponibilidade interna para se fazer olhar, aflorar e curar por mais que isso doa…é um trabalho interior que vai até o fim da vida !
Tanto o terapeuta quanto o cliente precisam caminhar expressando sua vida com plenitude e amor. O terapeuta é um facilitador da cura, não a causa da cura. Para mim, um bom terapeuta é aquele que, independente de conhecimentos, técnicas, protocolos, metodologias, ajuda a ampliar o nível de consciência do seu cliente.
Acredito que, independente de estarmos no papel de terapeuta ou cliente, todos nós estamos aqui para trazer algo libertador para nós e para o mundo. Temos que ficar atentos para perceber os encadeamentos que o Universo faz para estarmos onde e com quem precisamos estar. Isso vale para terapeutas e clientes! Ao mesmo tempo, nossos egos (nossas “certezas”) muitas vezes nos levam a caminhos que não necessariamente são saudáveis para nós. Portanto, orai e vigiai. Interiorização e atenção. Trabalho interior, hoje e sempre !